sábado, 26 de julho de 2014

O fenómeno da regressão para a média

Para ilustrar o erro de pensamento associado à regressão para a média, faremos uma experiência em que será necessário escolher dois grupos de crianças: um cujos pais são pessoas altas e outro em que os pais são de altura normal. O objectivo é seguir durante 10 anos os seus desenvolvimentos, avaliando a altura que estes dois grupos de crianças atingem - provando assim que as crianças de pais altos serão mais altas que as crianças de pais de altura normal/comum. 
Este raciocínio é falacioso e continua a fazer parte do erro médico e até de quem desenha ensaios clínicos. E porquê? Porque  quando existe uma série de eventos aleatórios, há uma elevada probabilidade de um acontecimento extraordinário (um progenitor muito alto) ser seguido, em virtude do acaso, por um acontecimento mais vulgar (um filho de altura normal). 
Esta foi a observação feita por Francis Galton, primo de Darwin, que chamou ao fenómeno: regressão para a média. Na observação empírica, do acima descrito, ele verificou que as crianças filhas de pais altos, eram mais altas que a média, mas mais baixas que os pais quando atingiam a idade adulta.




Esta questão levanta sérias problemas em muitas observações científicas. Porque razão é que isto acontece? Simplesmente porque o nosso cérebro não tem em conta o efeito aleatório na avaliação universal de processos.

Entenda-se que este exemplo médico é apenas a base histórica, mas a regressão para a média ocorre até com você. Imagine que todos os dias de um ano corre um percurso de 4km, em média, em 20 minutos. Um dia o seu relógio regista 16 minutos. Fantástico. A interpretação que fará é que está a melhorar a forma e que agora os seus tempos serão mais baixos. Ao jantar para celebrar decide beber álcool - um copo de vinho. No dia seguinte o seu relógio volta a registar valores próximos dos 20 minutos como tem feito já há vários meses. Identificará o problema no copo de álcool que bebeu. Na realidade só regrediu para a média, mas o seu cérebro não interpretará o evento aleatório como causa.

No pensamento científico é importante ter este aspecto em consideração quer na selecção de indivíduos (Critérios de Inclusão) quer na interpretação de resultados não reproduzíveis. 

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