sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Como começar uma tese, dissertação, monografia ou trabalho de fim-de-curso?


Uma das principais dificuldades que os alunos experimentam no final de um curso é a escrita da tese ou dissertação. Este documento não representa per si um problema, mas um conjunto de problemas. Uma forma de se manter eficaz e produtivo, no decurso desta fase particular é, atacar um problema de cada vez, definindo prioridades. Uma tese é composta por várias "secções" (ver artigo) e sofrer por antecipação por receio da estatística, da formatação ou até da apresentação é um exercício de redundância que só vai contribuir para aumentar o stress e ansiedade. Pense de forma eficaz: pense simples e minimize a entropia.


A primeira prioridade é a definição de um tema. O tema limita toda a investigação, revisão bibliográfica e outras pesquisas que vai efectuar nos próximos meses. É, por essa razão, a primeira grande definição de quem quer escrever uma tese. Mas como fazer esta definição?

Escolher um tema é algo complexo que deriva de várias interacções que temos enquanto alunos, estagiários e também enquanto indivíduos. O que descrevemos seguidamente é uma forma eficaz de operacionalizar e resolver o primeiro problema: definição do tema.

1. Tome nota das várias ideias que tiver para o tema da sua tese. 
Escreve-as brevemente. As notas ajudam a estabilizar e até melhorar ideias. A forma como o nosso cérebro funciona não é eficaz na correcção de eventos que ainda não se realizaram. Escrever, mesmo que brevemente, ajuda-nos a poder  re-pensar/re-desenhar de forma mais eficaz as ideias e tomar assim melhores decisões.

 2. Leia sobre ideias semelhantes à sua.
Todos pretendemos que o nosso tema seja relevante e a nossa investigação importante. Mas e se esta já estiver feita? E se não for nova? A forma natural de resolver esta questão é ler outras teses que foquem o mesmo tema. Visite o repositório de teses da sua biblioteca. Veja também os repositórios online e artigos  - use os motores de pesquisa como o Google Scholars (r) (c) , o B-On (r) ou o mais recomendável para a sua área. As vantagens deste passo são:
-perceber a originalidade do nosso tema
-perceber as limitações sobre o tema
-perceber o vazio que existe sobre o tema (um ponto de partida para uma tese original)
-recolher bibliografia importante (este passo ajudará a poupar muito tempo!)

3. Discuta a sua ideia com o seu orientador ou profissionais da área
Por muito fantástico que sejam as nossas ideias, os inputs externos podem consistir uma valiosa fonte de crítica e até de construção ou reformulação de ideias. Reserve contudo a discussão a um grupo restrito de profissionais. Se tiver um orientador, este é um bom ponto de partida. Pergunte-lhe o que pensa da sua ideia. Peça contactos de dois ou três profissionais com quem possa falar. Esta fase é também importante para perceber se o seu orientador é proficiente no tema. Recomenda-se que os estímulos externos sejam de qualidade e restritos, lembre-se de dois aspectos importantes:
-muitas opiniões podem ser contra-produtivas,
-a Tese é sua.

4. Avalie a exequibilidade e desenhe um cronograma
O aluno no final de uma licenciatura ou de um curso tem, regra-geral, um grau de maturidade suficiente para reconhecer as suas capacidades e limitações. Saber usar isso a seu favor é explorar o seu potencial. Neste ponto particular é relevante:
-avaliar a exequibilidade do tema e da pesquisa inerente,
-definir um cronograma (um calendário de tarefas).
Avaliar a exequibilidade está relacionado com vários aspectos, mas essencialmente ao tempo disponível, ao dinheiro (caso seja necessário comprar material) e ao acesso a tecnologia (pode ser necessários bench fees em algum instituto). Perceber que podem existir limitações financeiras é essencial para o seu projecto não ficar a meio por falta de verbas. Perceba, também, que isto não fecha a porta a determinado tema, abre é a janela para a pesquisa de bolsas que possam suportar a sua investigação. 
Escrever um cronograma é fácil. Seja generoso e honesto. Vai certamente falhar em quase todos os prazos. Não desanime. É provável que esta seja a primeira vez que é o seu próprio chefe. Isso aliado ao facto de provavelmente nunca ter feito um cronograma com tarefas a realizar a seis meses ou a um ano, pode tornar o seu cronograma inútil. A questão é: devo então fazer um cronograma? Definitivamente. Todos os esforços devem ser conduzidos para cumprir as tarefas. Um truque é dar mais 10% do que o previsto a cada tarefa, por exemplo: a escrita de um capítulo vai levar 20 dias - no cronograma atribuo 22 dias para o efeito - mas tento fazer em vinte. Outro truque que recomendo é pendurar esse cronograma nos locais de trabalho frequente. Lembre-se ninguém se vai preocupar com os seus prazos, excepto talvez o seu orientador e definitivamente os seus pais.

5. Se tem dúvidas: experimente
Para explicar este ponto, procedemos a uma ilustração: O Bernardo quer fazer um estudo sobre o consumo de psicotrópicos  (drogas utilizadas no âmbito de doenças ou perturbações do foro da saúde mental) e o stress no trabalho - para isso planeia conduzir entrevistas a trabalhadores na zona de Lisboa. O seu orientador tem dúvidas que as pessoas respondam a algumas, senão a todas, questões. Deve o João desistir da ideia? Não. Conduzir um pequeno estudo piloto permite avaliar as dificuldades técnicas e de operacionalização do nosso tema.  

6. Compreenda a importância do tema
Definir um tema é restringir o leque de perguntas de investigação que pode fazer. Lembre-se que cada Pergunta de Investigação resulta apenas em um Objectivo Geral. Mesmo que a sua tese tenha múltiplos objectivos específicos estes devem estar enquadrados em UM objectivo geral que responde a UMA pergunta/questão de investigação.







    

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